Durma Com Este Barulho
Reflexões de um pecador

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Uma Senhora Qualquer (Parte 2)

Parte 1 Parte 2 Parte 3 Extra

(...) Náusea, dor, tristeza... o mundo começou a girar como uma dose de veneno ardendo em sua garganta. Tateando, procura onde se segurar, mas nem seu marido a segura nesse momento de caos, pois ao lado dela jaz o próprio de joelhos no chão, atônito, sem palavras.

Poucos segundos passam, mas aos olhos dela uma eternidade. As servas do jardim gritam, chamam pelo patrão, que não responde, ainda congelado olhando para suas mãos calejadas. A mulher vence seus gritos de dor interior e toca gentilmente o ombro de seu marido, que a olha assutado como que despertado de um pesadelo, mas pesadelo esse longe de seu fim. O homem levanta e abraçado com a esposa saem para o jardim ver o motivo de tal alvoroço. Lá está um servo, sentado no chão, sujo de terra e sangue seco, rosto desfigurado, um olho inchado a ponto de não conseguir se manter aberto, lágrimas escorrem de seus olhos, suor de sua face. Sua voz é embargada e triste: "Patrão, vieram de todos os lados, não vi, não consegui contar, eram muitos! Roubaram todo o gado, as ovelhas, as cabras, espancaram todos até a morte, desmaiei logo no começo, quando acordei, não havia sobrado nada."


"Ladrões? O que está acontecendo? Meus filhos estão mortos e agora roubaram todo o nosso gado? Deus está contra nós! O que fizemos de errado?" - a senhora não sabe o que fazer, seu marido parece ter entrado em estado catatônico novamente. Ela dá a ordem para que as servas cuidem das feridas do homem e o limpem. Volta-se para o seu marido que está com o olhar fixo na colina, mas parece que seu transe está diferente, sua boca está aberta como se estivesse vendo... - "Fumaça? Será que tem algo pegando fogo? Quem é aquele que vem lá, a cavalo, como se fugisse de algo? Conheço-o!".

Chega o homem todo sujo de fuligem, gritando e em prantos. O responsável pela plantação de trigo. Quando mais nova, ela subia a colina para admirar a plantação de trigo, os campos dourados. Sentava com seu esposo no topo e via o sol se por atrás dos campos que brilhavam como nenhuma jóia que ela tivesse alguma vez visto. A voz do homem a traz de volta de sua memória. Lá está ele falando de um raio vindo do céu, em meio a uma tarde ensolarada, caindo no meio da plantação que toda madura, pronta para a colheita, se incendiou de uma forma impossível de conter. Alguns homens morreram tentando apagar o incêndio e por fim não havia mais o que salvar.

O espanto da mulher é único, ela olha para o marido que se joga no chão, suas mãos esfregam a terra como se quisesse cavar a própria sepultura e se enterrar nela neste instante. Jogando terra sobre a cabeça e rasgando as roupas. "Nunca vi este homem se comportar assim! Deve ter ficado louco!" - tenta segurá-lo, pará-lo, mas ele começa a gritar e chorar. Sua voz quebrada profere uma frase em meio à dor e ele volta a esfregar o rosto na terra, com a boca no pó e chorar.




Legal, espero que já tenha adivinhado quem é a mulher (apesar de que não tem nome), estou me divertindo comigo mesmo aqui fazendo uma análise do perfil psicológico dela. Como uma pessoa se sentiria em determinada situação, como reagiria. Claro que não fiz nenhuma pesquisa e não faço idéia do que é o impacto que ela sentiu, tudo isso é apenas uma simulação de realidade que tive segunda-feira passada enquanto fazia minha caminhada e conversava com Deus.


Durma com a incerteza de que eu não sei se vou continuar... muahahahah!

Parte 3

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